Lista tríplice de sugestões do STF para vaga no TSE tem mulher negra do interior da Bahia apadrinhada por Joaquim Barbosa
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) elaborou nesta quarta-feira (4) a lista tríplice que será enviada ao presidente Jair Bolsonaro (PL) para uma vaga de ministro substituto do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). os nomes escolhidos foram André Ramos Tavares, que recebeu 9 votos, Fabrício Medeiros, com 8 votos, e Vera Lúcia Santana de Araújo, 7 votos. Essa última é baiana e, primeira mulher negra a constar em uma lista tríplice para o TSE.
Bolsonaro é obrigado a seguir o número de votos da lista tríplice, podendo escolher qualquer um dos três candidatos, e também não tem prazo para fazê-lo, podendo deliberar até depois das eleições, se quiser. A advogada Rogéria Dotti, que estava na lista dos candidatos entregues pela Corte Eleitoral, recebeu 4 votos. A advogada Marilda Silveira, que não estava na lista, recebeu um único voto.
André Ramos Tavares, o mais votado, é considerado o mais ponderado. Segundo o Uol, em 2018, o professor e advogado elaborou um parecer em defesa da derrubada da inelegibilidade do ex-presidente Lula (PT).Em segundo lugar na lista ficará o advogado Fabrício Medeiros, que tem experiência na Justiça Eleitoral. Ele, porém, enfrenta uma dificuldade que pode pesar na escolha pelo Planalto: é apadrinhado por Alexandre de Moraes, um dos principais alvos de críticas do presidente no Supremo.
BAIANA
A advogada Vera Lúcia Santana de Araújo, que ficou em terceiro na lista tríplice, contou com o apoio do ex-ministro Joaquim Barbosa, que presidiu o Supremo entre 2012 e 2014. Ainda segundo o Uol, ele procurou ex-colegas da Corte nos últimos dias para chancelar o nome de Vera.
Vera Lúcia tem 62 anos e nasceu em Livramento de Nossa Senhora, a 658 km de Salvador. Neta de lavadeira e filha de professora, ela foi para Brasília, aos 18 anos, para estudar.
Em entrevista ao "Correio Braziliense" em novembro de 2019, Vera contou que o trabalho da avó garantiu a possibilidade de seguir com os estudos. "Como ela foi lavadeira de famílias importantes, conseguiu espaço para que minha mãe estudasse e, depois, nós também. Naquele tempo e em uma cidade pequena, a escola era só para os brancos." Em Brasília, decidiu prestar vestibular para Direito e foi aprovada no UniCeub.
Na faculdade, Vera se aproximou do movimento estudantil durante a ditadura militar e fez estágio na Defensoria Pública.E ntre as funções públicas que ela já exerceu está a de secretária-adjunta de Igualdade Racial do Distrito Federal e diretora-executiva da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), também no Distrito Federal, na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB).
Se Vera Lúcia for escolhida, ela será a única mulher ocupando lugar na instância jurídica máxima da Justiça Eleitoral brasileira. Atualmente, o tribunal tem sete ministros e todos são homens. Apenas o ministro Benedito Gonçalves é negro.
Fonte: Aratu ON