De Jaguaripe, onde os chineses querem fazer a cidade dos sonhos

Pense numa cidade com edifícios de até 30 andares num ambiente em que o esgoto é 100% coletado e tratado. O aquífero, bem avaliado, para tirar dele o máximo de água doce possível. Se não der, dessaliniza a do marzão em frente. E a energia? No máximo possível, eólica e solar.

Um sonho. Mas é isso que está sendo gestado, ainda em fase embrionária, pelo governo baiano, via João Leão, agora no Planejamento. O palco do espetáculo é a Ponta dos Garcez, em Jaguaripe, joia do Brasil Colonial hoje quase esquecida, área que começa na outra banda do lado sul da ilha de Itaparica e se estende por quase 14 km de praias bucólica e quase intactas.

Fala Arandas — Essa fatia que vai ao sul, até a desembocadura do rio Jiquiriçá, pertence ao banqueiro Daniel Dantas. Os chineses miram a outra área ao do Jiquiriçá até o Taquary, em Valença, terras hoje com a Andrade Mendonça.

Heráclito Arandas (PSD), prefeito de Jaguaripe, diz que a coisa anda. Terça que vem, vai participar da terceira reunião com representantes do governo e chineses para discutir o assunto:

— Nossa parte é adequar a área, seguindo a lei, para esse tipo de negócio. É algo complexo, mas eu não tenho a menor dúvida de que a ponte Salvador-Itaparica vai dar um forte impacto aqui e estamos nos organizando.

Até parece que brasileiro é cego. A bela Jaguaripe era paraíso do português e agora vem a ser redescoberta pelo chinês?

Olindina, uma cidade abalada com a morte violenta de João

Olindina, município de 30 mil habitantes, na região de Inhambupe, nordeste baiano, vive um final de semana de alto inferno-astral. No meio da noite de quarta para quinta João Sousa Paraíso Filho, filho de família tradicional, bancário a serviço de bancos paulistas no home office, figura conhecida e querida, vezes empresário ficha-limpa, foi fuzilado na garagem de casa por uma guarnição da PM.

O choque: isso aconteceu com pessoa idônea, conhecida, com casa bem no centro da cidade, na área mais valorizada. A versão da PM não convence: diz que ele, João, recebeu a guarnição armado, a bala. A versão mais aceita: os policiais, novos, não conheciam o dito-cujo.

A questão é que João estava só em casa com o filho de 6 anos. A mulher havia saído para ajudar uma parenta no hospital. E a vítima era pessoa de conduta acima de qualquer suspeita, como gente e como cidadão.

Outros sonhos lá no Senado

Uma olhada nos projetos de lei em tramitação no Senado mostra que esse negócio de sonhar alto não é só de chinês, o nosso varejo político também tem. 

Um, a Lei Sansão, prevê cadeia de até cinco anos para quem maltratar cães e gatos. Outro quer mudar a lei eleitoral para eleger mais mulheres senadoras. E outro proíbe aumento de itens da cesta básica acima da inflação.

Todos os pleitos justos. Não custa nada sonhar.

Esquerda e direita se unem com Eliana em Cachoeira

O terror em torno da vida da prefeita Eliana Gonzaga (Republicanos), de Cachoeira, produziu um milagre: vai botar amanhã lado a lado num ato que prevê uma caminhada pelo centro até a porta do Museu Hansen Bahia a ministra  Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, do governo Jair Bolsonaro, as deputadas federais Lídice da Mata (PSB), Celina Leão (PP-GO), as estaduais Olívia Santana (PCdoB) e Fabíola Mansur (PSB), e mais promotoras, desembargadores e representantes da sociedade civil. Eliana se diz muito agradecida:

– O exercício do mandato tem sido uma provação. Eu não posso nem dormir na minha casa? Fico muito sensibilizada com o apoio. É muito bom que isso seja suprapartidário.

POLÍTICA COM VATAPÁ

Papagaio de pirata

Conta Sebastião Nery que jovem, candidato a deputado estadual (foi eleito e cassado pelos militares), foi a Nazaré apoiar o amigo e aliado Adalardo Nogueira, candidato a prefeito (falecido em 2018, aos 93 anos, seria prefeito três vezes).

Adalardo, filho da terra, inteligente, ágil, não sabia falar. Começava bem os discursos mas, cinco minutos depois, ficava sem assunto, se enrolava.

Último comício, Nery avisou a Adalardo: ‘Vou ser seu papagaio de pirata. Siga tudo que eu disser.  Comece, vá. Povo de Nazaré...’.

E Adalardo:

– Povo de Nazaré...

E Nery, cochichando:

– Fale mais alto.

Adalardo:

– Fale mais alto!

Nery quase teve um treco. Mas emendou:

– Fala mais alto, povo de Nazaré! Grita, reclama, protesta, exige, porque vocês estão cansados de pedir sem serem atendidos!

Adalardo foi todo:

– Fala mais alto, povo de Nazaré! Grita, reclama, protesta, exige! 

A multidão foi ao delírio. E os dois venceram, Nery e ele.

Fonte: Atarde

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